sexta-feira, 3 de abril de 2015

Timidez

Não consigo ser sociável de uma forma natural. Sempre o encontro com pessoas desconhecidas ou conhecidas são regados a silêncio.

Reclamei pra Vanessa uma vez que nós ficávamos a maior parte do tempo quietos, e que isso seria uma justificativa para o rompimento do nosso ainda incipiente laço. O fato é que eu sou quieto, não entendo como as pessoas tem interesses que pra mim são tão triviais e conseguem discorrer quaisquer assuntos com a maior naturalidade.

Eu sou meio chato. Do que eu gosto? Não sei... Muda o tempo todo, eu não consigo ter um hobbie que eu relaxe, que eu me entregue. Escrever é o maior deles. Vou investir na escrita. Vou ler mais. Vou vivenciar melhor os processos.

A escrita cura. A música cura. O amor cura. O trabalho liberta. A terapia consegue fazer dar sentido a isso tudo quando nada faz muito sentido e nada vem curando.

Erro de percepção? Olha, eu não tenho mesmo paciência com resultados parciais, sei que comparado a janeiro desse ano estou irreconhecível, com projetos, sem chorar, planejamento de médio e longo prazos. Mas... Ah... em saber que o futuro se descortina como algo muito melhor, parece que o agora se anula.

E, paradoxalmente, o agora é justamente a cura. O agora é tudo o que tenho. Curtir o agora, os recursos disponíveis, saber esperar, ter paciência, foco, resiliência, essa palavra última tão escutada mas ainda pouco elaborada pela mente.

Como será que os outros são? Entrar na mente de alguém me agradaria, principalmente de alguém sociável e que se diz em paz com o mundo. Eu, particularmente, acho que sou um dos coitados que não conseguem aproveitar todas as benesses que recebem do universo.

Mas o que fazer? Como aproveitar o momento quando se é chato e não se ama o que se faz? Não se achar bom o suficiente em praticamente nada? Se não se tem um hobbie bom, como conseguir conviver com as coisas prazerosas? Prazerosas pra quem, cara pálida? Se não se acha nada prazeroso como curtir o agora? Fazer o que é correto, isso eu venho fazendo. O prazer não vem. Veio um auge de prazer com a Gigi, dentro da piscina. Aquilo sim, aquela brincadeira inocente me deu um prazer enorme. É por momentos como aquele que vale a pena viver. São raros esses momentos, quero torná-los mais próximos, closer than before. Me permitir. Minha cunhada está aqui. Suas filhas estão aqui. Viajaremos a Gramado amanhã. Não quero que seja uma viagem como foi Laguna. Até porque tem a Vanessa do meu lado.

Eu mereço ser feliz não o tempo inteiro mas um tempo considerável. Não posso me livrar das coisas chatas. Mas tenho que ampliar o leque de coisas que acho legal fazer e começar a fazer essas coisas.

E falei no título sobre timidez. Seria eu tímido? Ou muito chato? Não gostar de se relacionar com as pessoas por considerá-las chatas e seus assuntos chatos não dá.

Eu quero conviver menos com as pessoas. Eu acho as pessoas chatas, há coisas mais interessantes a fazer sozinho. Sou parecido com meus irmãos e com meu pai.

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