Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal
Prometo que volto a falar sobre outras coisas do meu cotidiano, mas no momento estou embriagado com ela...
Beijar no elevador pode parecer trivial. Um primeiro beijo no elevador já não é tão trivial. Em qualquer elevador pode até ser comum, mas no elevador da Casa de Cultura...
Não namoramos à luz do polo petroquímico, pois o lugar onde dava vista pra lá estava lotado.
Bom, pra variar contei o ápice sem introduzir...
Estava eu dobrando a entrada da Casa quando me interpela uma mulher com livros na mão, querendo vendê-los. Não quis ser indelicado, mas meu rabo do olho já tinha notado a presença de uma mulher muito mais encantadora e com a qual eu tinha um encontro. Foram sessenta segundos que me soaram como sessenta minutos ter ao meu lado alguém me esperando e ao mesmo tempo sem querer parecer estúpido com alguém que vive de literatura. Depois de dispensar a vendedora, pensei em algo que disse a ela - à encantadora - somente ao me despedir: és mais bonita ao vivo do que nas fotos.
Essa é a magia dos movimentos que a estática nunca pode fazer com pessoas como ela. Eu, é diferente, por não ter tantos movimentos, caras, gestos, olhares diferenciados, talvez fique melhor na foto. Ser bonito inclusive em movimento, ou principalmente em movimento, é pra pessoas ímpares.
Ao pedirmos nosso café, chega um terceiro elemento extremamente inconveniente que avisou que apareceria mesmo eu tendo dispensado sua presença de maneira bem ríspida: o nervosismo.
Ele me acompanhou durante a noite toda, dando inclusive a sensação de que não estava gostando da conversa. Eu estava, sim, tentando dar atenção merecida e driblar paralelamente minha suposta falta de assunto.
Sim, eu tinha opinião formada sobre o assalto do palácio da polícia, sim, tinham coisas que me chamaram a atenção e eu gostaria de dividir com alguém, mas minha mania de perfeição tentando escolher a melhor hora pra falar o melhor assunto no melhor lugar me deixaram mudo. No final, a leitura de um escrito meu pensando nela a fez dizer algo que eu escutei mas até agora não acredito que tenha sido isso e fiquei com muita vergonha de perguntar se não escutei errado:
- Ganhou.
Sei lá se foi isso, mas a dúvida de que fosse outra coisa me fez não beijá-la naquele momento, e fiquei completamente sem ação.
Se soar um dia ao meu favor, digo que homens de atitude tem, às vezes, atitude de cautela, respeito. Mas, logo em seguida, mostrei minha atitude no elevador, como havia falado. Levemente trêmulo... Mas isso não precisa constar nos autos...
Sou uma pessoa que gosto de conversar, portanto tenho assunto, gosto de descontrair mesmo sendo mais sisudo. Nos próximos encontros - e pelo beijo de despedida acredito que terão novos encontros - estarei mais relaxado.
Permita-me, cloud, só por hoje, falar de novo sobre amor.... E como o hoje é o ontem do amanhã, talvez amanhã diga de novo: só hoje, como cantou o rapaz no café.
Como diriam os telefonistas a uma hora dessas, apesar de ser pouco passado de meia-noite, bom dia!