domingo, 19 de abril de 2015

Deuses

Ao longo desse longo ano, deparei-me com muitos deuses. Dia dois de fevereiro, meia-noite, Iemanjá segurava a minha barriga, falando sem dizer que eu precisava emagrecer. Mesma coisa que outra entidade falou - também sem dizer, apenas apalpando com um frenesi maior a barriga - à minha noiva. Vamos combinar, entidades, dizer que se precisa emagrecer a dois gordinhos tá mole, mole. Mesma coisa a uma mulher visivelmente perturbada emocionalmente que não precisava ser nenhum Sigmund pra desvendar o seu sofrimento: a rainha dos oceanos soprava forte todo seu corpo, depois fiquei sabendo que isso significa que são espíritos obsediando aquela pessoa. 

Por falar em obsessão, vou começar terça-feira um trabalho voluntário numa casa espírita e, confesso, sou meio carente de Deus e procurei orientações. Como falei que sou bipolar e que, às vezes, isso pode significar uma desconexão entre realidade e imaginação, logo logo me mandaram pras reuniões de desobsessão especial, das porrada.

Também vi simpatia pelo velhinho do velhinho Chico, o papa pop que não poupa ninguém. Mas a Inquisição é osso duro de roer, se esse Deus existisse pouparia tanta gente boa da fogueira.

E o ateísmo? Também é difícil, pois há algo. 

Esse algo é a Natureza e suas leis. Nesse ponto, eu, os panteístas, Bento Espinosa e Albert Einstein concordamos. 

Agora, se há algo além desse algo, sobrenatural, não sei, não há como aferir com ferramentais naturais, pois senão também seriam fenômenos naturais.

Conheci um deusinho pequenininho, tímido, presente ao longo desses quase noventa posts que eram pra ter sido trezentos e sessenta e cinco. Ele me tirou da cama, me deu uma noiva, me deu significado ao cotidiano, ânimo para perseverar em busca das eudaimonias, ataraxias, vontades de potência ou seja lá que nome se dê ao bem-estar, me deu uma família linda e maravilhosa que eu ajudo a lapidar e me permito ser lapidado, me deu uma nova faculdade e um sentido para existir academicamente.

Esse deus se chama esforço e está dentro de cada um de nós.

Restauração

Meu celular está com um pequeno problema. Meu PC também. Poderia jogá-los fora. Vou restaurá-los. Assim, aprendo a restaurar a minha vida, quiçá outras vidas.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Falta

Faltam dois dias. E a falta falta menos. Mas a falta voltou desde terça-feira, preenchendo às vezes. Voltei a procurei A coisa, apesar de não ter desistido dos meus ideais.

Mas procurar A coisa faz a gente desistir de viver o momento e tudo que ele traz de bom ou ruim. Anestesia ou faz sofrer, nunca alegra. Pensei em escrever algo a respeito da busca incessante da humanidade de preencher os vazios, de ser feliz. Um romance filosófico.

De louco e filósofo todo mundo tem um pouco, não é? Vamos começar a arriscar produzir mais conteúdo por aqui, nessas 48 horas pra encerrar o blógue. Cai bem no dia em que eu farei a perícia médica, e espero estar liberado ou que seja feita uma perícia em quinze dias em vez de novamente um mês.

Quero fazer uma lista das coisas que me faltam:

Escrever e ler com mais frequência;
Continuar fazendo caminhada;
Cantar;
Emagrecer;
Estudar;
Valorizar o trabalho, o lar e o lazer;

Quero fazer uma lista das coisas que não mais me faltam:

Amor-próprio
Amor romântico
Lar
Determinação
Família
Um trabalho

terça-feira, 14 de abril de 2015

A palavra é...

Arrogância? Prepotência? Sabotagem? Escolha. Fiquei três dias tomando remédio menos do que deveria, o resultado é menos lítio e menos ácido valproico no sangue.

Ainda estou mantendo todas as atividades normalmente, mas tenho que parar urgentemente de me testar sem falar com médicos.

Dia difícil embora produtivo, deu uma caída no humor provavelmente por causa da medicação ou da falta de sono. Agora tomei um rivotril e vou dormir bastante.

Boa noite.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Primeiro dia de aula

Elencar melhor as palavras. Tarefa que farei após concluir esse blógue, falta apenas uma semana. Foi o recado da minha primeira aula, escrever e reescrever, eternamente.

Minha vida tem sido reescrita, ressignificada, repaginada.

Um amor, uma filha emprestada, dois sogros (que fique bem claro, um casal de sogros), uma faculdade novinha em folha, uma voracidade contida pra ler, uma apropriação com as tarefas domésticas e com o sentimento de ter um lar em permanente construção, duas terapeutas com quatro olhos bons, esperançosos, realistas e otimistas (um outro olhar, como diria o contista Charles Kiefer).

Às vezes, o final é apenas um trampolim. É o caso desse espaço. Tinha data para término. Mas o fim será apenas o início de um escritor mais consistente, ma(i)s sabedor do seu papel.

Quantas vezes precisei reescrever que dar aulas é o meu metiê?

domingo, 12 de abril de 2015

Sueños

Não sei de quando é isso, mas tenho uma relação com o sono muito ruim. Higiene do sono, contar carneirinhos, tomar banho morno, fazer xixi antes de dormir... Tentei de tudo.

Estou desistindo de ter uma vida normal relativa a sono. Vou simplesmente ficar com sono quando tiver que acordar cedo e estiver sem sono na noite anterior.

Não dá pra idealizar ter um comportamento normal em tudo. Eu vou começar a ler de madrugada, se precisar ficar acordado por estar próximo de amanhecer vou tomar um cafezinho, sei lá.

Parar de  idealizar noites normais.

Até porque noites normais são pra pessoas normais, e normose - tô fora.

Retomadas

Na adolescência, eu era ávido por leitura. Certo que boa parte das leituras não eram romances, e nunca tive muita paciência para descrições meticulosas, salvo as de cunho psicológico. Paisagens não são o meu forte em elaborar na cabeça através da narrativa.

O peso sempre foi algo que me incomodou. A partir dos quinze anos, tomando medicações diversas, comecei a engordar cada vez mais, aliado ao fato de tomar muito refrigerante. Mas nada que justifique 118kg, no máximo uns 95. Vinte e três são por conta de Paliperidona, Clopixol Depot, Risperidona, Haldol.

Mas quem não se responsabilizava pelo tratamento era eu, portanto a terceira coisa que passei a me responsabilizar recentemente foi por não me utilizar da doença como um subterfúgio para atingir outros meios.

Higiene dental, atividade física, leitura, emagrecimento, tratamento. Cada vez mais, responsabilizando-me por mais coisas.

E está leve.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

PL 4330 - Um mal ao Brasil

O Congresso Nacional está flexibilizando as relações de trabalho através de um projeto de lei que, ao que me consta, se ainda não foi aprovado será facilmente.

Se trata da possibilidade de terceirizar as atividades-fim de uma empresa, em vez de apenas poder terceirizar as atividades-meio.

Obviamente, tal interesse do Legislativo em aprovar tal proposta com regime de tramitação urgente se deve ao fato que boa parte dele é composto por patrões. E o grosso é financiado por grandes patrões.

Mas por que não dar vazão a essa ideia? Essa quebra da Consolidação das Leis Trabalhistas é danosa ao grupo dos trabalhadores porque as empresas que farão a terceirização deverão ter lucro, subtraindo o poder aquisitivo deles. Assim, para garantir o mesmo patamar salarial, eles terão que trabalhar em torno de 1/3 a mais, causando uma série de problemas sociais e até de saúde pública bem conhecidos nos já permitidos 13 milhões de brasileiros que tem carteira assinada por empresas contratadas por outras.

Esse grupo "ostenta" índices de mortalidade surpreendentes: de cada 10 mortos em acidentes de trabalho, 8 são terceirizados.

Dá pra ver que quem tem interesse em terceirizar atividades-fim é um seleto e poderoso grupo que tem a capacidade de formar empresas terceirizadas ou de empresas que querem reduzir custos utilizando-se daquelas.

Como sou favorável à extensão de direitos a um maior número de pessoas, só posso ser contra essa medida que desfavorece mais de 30 milhões de brasileiros que têm carteira assinada e ainda não trabalham terceirizados.

Agir

Escrever e ler podem ser hábitos. Ler dez páginas por dia, ao mínimo, é uma tática eficaz de se ler dez livros ao ano. Antes de deitar escrever algo por aqui pode ser um marco entre um simples escrevente para um escritor.

E o lazer pode ser considerado hábito. Fazer coisas que dão ou deveriam dar prazer se configura como uma necessidade de acordo com meu mais recente formulado valor "lazer".

E cumprir tarefas todos os dias para que se chegue na concretização dos sonhos é um desafio para quem tinha o costume recente de se sabotar. Não sei até que ponto a sabotagem vai ir embora, mas é prudente sempre considerar as opiniões da Vanessa, Ana, Naidel, mãe...

Daqui a dez dias estará findo o objetivo desse blógue, pra mim bem sucedido. Entremeado até por uma crise, esses 355 dias foram de um crescimento muito bom. Principalmente o último mês. Desse mês, a última semana. Estava me sentindo melhor, mas ainda à mercê de que alguma coisa boa ocorresse. Meu bem-estar, desde o dia sete, independe de coisas boas acontecerem. O tédio pode ser um bom mecanismo de agir e de se repensar o cotidiano. Se há tédio, há um despropósito, uma lacuna entre intenção e ação ou entre ação e convicção. Ficar quieto pode ser agir.


quarta-feira, 8 de abril de 2015

Gastar, comer, sonhar e planejar

O que se precisa gastar? Por que se precisa gastar? Como gastar? Onde gastar?

Eu vi recentemente que gastar dinheiro e comer são atividades correlatas. Eu como demais e gasto demais pelos exatos mesmos motivos: por não saber exatamente preencher o vazio.

Vazio é salame. Salame de qualidade não se enche com qualquer carne. Gastar e comer desenfreadamente é carne de qualidade duvidosa.

Melhor que gastar é investir. Despesas básicas são muito necessárias,logo após isso vem o patamar de investimentos. Preciso economizar prioritária, ordenada e planejadamente.

Resultado de comer menos e gastar menos? Sem dívidas e magro. Espero em 2015 estar dez quilos a menos e com dois mil reais na poupança.

Sonhar planejadamente é realizar acordado

Vontade de Potência x sabotagem

Estou literalmente com a faca e o queijo na mão. Sei que sou capaz, nesse exato momento, de modificar o destino de minha vida drasticamente. E não é mania. É simplesmente aquele click que a Ana me falou. Acho que tem a força de Deus e do diabo agindo sobre mim ou suas mais variadas denominações, até aquela nada cristã que remete à psicose e da fuga da realidade como subterfúgio para continuar doente.

Não preciso mais do sintoma, mas ele me é muito caro. Ficar acordado me assusta, na verdade nem tanto, ver a tabela que acavei de criar para revolucionar meu cotidiano me assusta, na verdade nem tanto.

Posso emagrecer, posso me formar, posso fazer ciclismo e corrida, posso fazer trabalho voluntário, posso me desfazer das minhas roupas que tanto atrapalham na escolha do modelito na hora de sair de casa.

POSSO TUDO NAQUELE QUE ME FORTALECE. O que não me é permitido, posso sonhar, posso alinhar expectativas, posso esperar as angústias passarem, posso escrever...

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Aprendizado

Quem disser que não aprendeu nada durante um período de 24 horas ou é leviano, ou desatento.

Fiquei com uma vontadezinha de escrever para crianças enorme. Fiquei com uma vontade de matar no peito, driblar e chutar a depressão da Vanessa bem pra longe e me emocionei ao ver a tristeza dela. Talvez haja uma surpresa pelo fato de eu ter tido empatia grande com meu amor.

A capacidade de amar não é inata ao homem. É uma escolha e um aprendizado constante.

A escolha de ser ético assemelha-se à capacidade de amar. Processar o Estado do Rio Grande do Sul por motivos que não se concorda plenamente foi uma ideia descartada hoje. Agora é avisar os advogados da minha decisão.

Escolher dia-a-dia fazer a mesma faculdade, pela eternidade dos próximos 24 meses.

Hoje aprendi muito. Aprendi que eu era feliz e não sabia, que sou feliz e agora sei, que a felicidade não precisa de motivações prontas, elas podem ser esculpidas também.

domingo, 5 de abril de 2015

Política

Se tem algo que me deixa fora da casinha é discutir política. Aliás, muitas coisas me deixam fora da casinha, a gente fica fora da casinha o tempo todo tentando controlar coisas e pessoas.

Estávamos discutindo sobre o PT eu, Marcos e seu Flávio. Eu fiquei feliz por, apesar de discordar, impor minha opinião sobre a deles.

O PT não é mais ou menos corrupto do que outros partidos, mas no fim da discussão vi que não tenho bala na agulha para inferir que o PT é o partido mais democrático. As instâncias nacionais do PT são escolhidas por delegados regionais eleitos por voto direto de qualquer militante em dia com sua anuidade.

O PT é contra financiamento público de campanha. Obviamente, o PT escolhe ministros do STF que estejam de acordo com seus propósitos, é uma prerrogativa constitucional.

O PT é muito mais do que as mídias nos informam. O PT mudou a cara do Nordeste, será?

O PT decidiu seu slogan como pátria educadora e corta subsídios para educação.

O PT não afastou seu tesoureiro João Vaccari Neto. Não sei o que é esse ente difuso chamado Partido dos Trabalhadores. Sei que muito dos discursos de seus militantes é aproveitável.

Aqui em Porto Alegre, o PT é oposição mas tem seus quadros principais envolvidos na política nacional.

Querem desmoralizar Miguel Rossetto, Dilma, Pepe Vargas, mas somos uma potência.

Somos, eu sou PT.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Timidez

Não consigo ser sociável de uma forma natural. Sempre o encontro com pessoas desconhecidas ou conhecidas são regados a silêncio.

Reclamei pra Vanessa uma vez que nós ficávamos a maior parte do tempo quietos, e que isso seria uma justificativa para o rompimento do nosso ainda incipiente laço. O fato é que eu sou quieto, não entendo como as pessoas tem interesses que pra mim são tão triviais e conseguem discorrer quaisquer assuntos com a maior naturalidade.

Eu sou meio chato. Do que eu gosto? Não sei... Muda o tempo todo, eu não consigo ter um hobbie que eu relaxe, que eu me entregue. Escrever é o maior deles. Vou investir na escrita. Vou ler mais. Vou vivenciar melhor os processos.

A escrita cura. A música cura. O amor cura. O trabalho liberta. A terapia consegue fazer dar sentido a isso tudo quando nada faz muito sentido e nada vem curando.

Erro de percepção? Olha, eu não tenho mesmo paciência com resultados parciais, sei que comparado a janeiro desse ano estou irreconhecível, com projetos, sem chorar, planejamento de médio e longo prazos. Mas... Ah... em saber que o futuro se descortina como algo muito melhor, parece que o agora se anula.

E, paradoxalmente, o agora é justamente a cura. O agora é tudo o que tenho. Curtir o agora, os recursos disponíveis, saber esperar, ter paciência, foco, resiliência, essa palavra última tão escutada mas ainda pouco elaborada pela mente.

Como será que os outros são? Entrar na mente de alguém me agradaria, principalmente de alguém sociável e que se diz em paz com o mundo. Eu, particularmente, acho que sou um dos coitados que não conseguem aproveitar todas as benesses que recebem do universo.

Mas o que fazer? Como aproveitar o momento quando se é chato e não se ama o que se faz? Não se achar bom o suficiente em praticamente nada? Se não se tem um hobbie bom, como conseguir conviver com as coisas prazerosas? Prazerosas pra quem, cara pálida? Se não se acha nada prazeroso como curtir o agora? Fazer o que é correto, isso eu venho fazendo. O prazer não vem. Veio um auge de prazer com a Gigi, dentro da piscina. Aquilo sim, aquela brincadeira inocente me deu um prazer enorme. É por momentos como aquele que vale a pena viver. São raros esses momentos, quero torná-los mais próximos, closer than before. Me permitir. Minha cunhada está aqui. Suas filhas estão aqui. Viajaremos a Gramado amanhã. Não quero que seja uma viagem como foi Laguna. Até porque tem a Vanessa do meu lado.

Eu mereço ser feliz não o tempo inteiro mas um tempo considerável. Não posso me livrar das coisas chatas. Mas tenho que ampliar o leque de coisas que acho legal fazer e começar a fazer essas coisas.

E falei no título sobre timidez. Seria eu tímido? Ou muito chato? Não gostar de se relacionar com as pessoas por considerá-las chatas e seus assuntos chatos não dá.

Eu quero conviver menos com as pessoas. Eu acho as pessoas chatas, há coisas mais interessantes a fazer sozinho. Sou parecido com meus irmãos e com meu pai.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Desacostumado

O bem-estar é algo desconhecido por mim por períodos longos, a não ser uma vez que fiquei eufórico por um tempo considerável.

Comecei a tomar bupropiona, associado com orap, um antipsicótico que elimina os efeitos negativos do pensamento.

Agora, a luta é não passar por mais nenhum período regressivo muito significativo a fim de não perder as coisas que já conquistei. E não é pouco, é uma família pronta a me acolher chamada de Azevedo Silva. É uma faculdade de Letras que me impulsionará a fazer concursos maiores. Tem o meu trabalho, que, apesar de ter sido afetado, ainda é minha salvaguarda. Um trampolim.

Desacostumado com o bem-estar. Ainda não permitindo que a felicidade se instaure dentro do meu peito. Essa vai ser uma jornada difícil, longa, iniciada há tempos mas alavancada há pouco. Não sei o que fazer com isso. Era só ruminação o tempo todo, agora tenho tempo livre pra sonhar, pra saber o que vou fazer se ganhar um dinheiro, se me formar, se nada disso der certo e eu tiver que batalhar de formas diferentes, se eu tiver que planejar financeiramente o meu dinheiro, se eu emagrecer, se eu for pai, se eu me formar, se eu me formar, se eu me formar...

Letras é muito legal. O letramento gradual de um indivíduo é fascinante. Deixar de ser analfabeto funcional às vezes é um desafio imenso. Muitas pessoas chegam à faculdade sem saber interpretar um texto com clareza.

Paciência em resolver os processos, algo que ainda não domino mas está em processo. Engulo as coisas com voracidade querendo me livrar delas em vez de curtir. Resultado? Indigestão. 
Como posso entender que, se algo não terminou naquele dia ou não foi perfeitamente concluído, eu posso retomar outra hora? Posso refazer, mas só abandonar com consistência? 

Foi assim com meu plano ortodôntico. Estava abandonando o tratamento, e agora, quase tendo que comprar outro aparelho móvel, resolvo retomar o cuidado. Ainda bem que deu tempo, tem coisas na vida que se a gente não cuida não há mais a possibilidade de retorno, ainda que parcial.

Com a Vanessa, aprendi que não posso me abusar dos meus retornos, pois muitos cuidados podem ser incorporados desde já sem que haja o risco de perder no futuro.

  • Desacostumado com o bem-estar. Louco que a felicidade, o curtir o processo, o curtir o agora, chegue. Nesse dia, idealizado mas possível, vou viver mais intensamente do que hoje. Hoje é apenas amostra grátis do que será se eu permanecer me esforçando desse modo. Eu estou no processo, estou tranquilo, estou esperançoso, estou sonhador, estou desejoso que aprenda a não me livrar do Presente.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Demorô!!

Demorô

Mas tá lá

Farei Letras EAD Uninter

É uma longa trilha. São anos de tentativas frustradas, ligadas à computação, ligadas à grana, mas apenas uma vez pensando exclusivamente naquilo que realmente eu gosto. Eu gosto de muitas coisa,s é verdade, mas algo que se possa problematizar e ir a fundo em política é educação, e particularmente, sobre o processo de letramento dos brasileiros.

Enquanto se aprende oração subordinada substantiva objetiva direta e indireta, marcando cruuuzes nas folhas óticas nos vestibulares, temos calouros de faculdade simplesmente analfabetos funcionais.

Discutir qual o modelo de ensino que deva ser predominante, quais estratégias para ler e ensinar a gostar de ler, eia o desafio.

Eu estou animado, é a segunda noite que durmo em horas desreguladas, mas isso é devido ao entusiasmo de fazer algo que pode ser diferença no mundo.

Marcos Bagno vai me dar um banho de cultura naquilo que preciso.

Tentava fazer faculdades presenciais, mas os professores me entediavam. Fazer EAD vai ser um bom desafio.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Oi


Namorar, um pecado.

Peço para ficarmos em casa. Crime. Não podemos namorar. Não podemos ficar sozinhos, ver filmes agarradinhos.

Será que sou desinteressante pra conversar? Por que será que meus assuntos angariam tão poucos ouvintes? Sou chato? No trabalho, em casa, em relações familiares, são poucas as pessoas que me dão ouvidos. Sou chato. Por quê? Minha escrita é uma chatice, não sou u m sedutor, apesar de certas vezes me articular bem com as palavras. A quantidade de likes a cada post que faço é fruto resultante dessa chatice. Tenho uma imagem estereotipada de alguém muito chato. Apenas as pessoas consideradas bacanas com todo mundo vêm falar comigo despretensiosamente.

É curto o espaço de tempo que estou sem ter crises. É curto o tempo que estou me desenvolvendo e criando habilidades de adulto. Preciso interagir, queria hoje sair na Redenção, no Marinha, fazer alguma coisa e a única destreza foi de provocar uma briga com a noiva. Mas para que(m) quero ser interessante? A gigi me acha. Meu sogro também conversa comigo.

Oi. Aqui é a resposta nada automática a essas dúvidas.

Você vai aprender com o tempo que disponibilidade é algo que se tem às vezes, não quando você deseja. Das relações, da internet, do tempo.

E, por falar em tempo, como você vai se tornar amigo dele... Vai fugir de padrões estereotipados do que é ser feliz, também aprenderá a ser mais tolerante com os outros, mas, formerly, with yourself.

Fizeste grandes arrancadas ano passado. Quiseste por tudo abaixo por alguns detalhes, essa tal da disponibilidade alheia, não ser conforme o combinado. Combinado com quem, cara pálida? Aqui, podes te esconder e fazer o que quiser off-line, mas a vida online te exige tolerância, respeito mútuo. E o mútuo muitas vezes é sinônimo de próprio.

Aprendeste as lições básicas da vida. Parabéns! Agora a vida te exigirá muito, como homem adulto que és. E, se aqui posso trocar teu nome, seu nome, muitas vezes a roupagem necessária para te apresentar será um terno cinza, uma gravata preta, e um calor de 40ºC na situação mais tediosa possível.

E sentirás saudades do tédio quando alguém querido morrer, se acidentar gravemente, ou por quaisquer outros lutos significativos.

E sentirás felicidade, tristeza, angústia, medo, impotência, vontade de potência, raiva, ainda mais raiva, mas verás que não morreste nem desististe de viver e valeu apenas a pena viver por ter tentado. A duras penas, diga-se de passagem.

A imagem é bem clara, os significantes são claros, os significados nem tanto. Muitos deles você os interpretará errado. Isso, nada de pedagogia de dizer inapropriado. A natureza é bruta e seus sinônimos escassos. Ela é. O que sentes é alheio a vontade dela. Se o sol nascer amanhã, a natureza não o faz porque tem de nutrir o solo e nossa derme. Ela faz porque não sabe fazer diferente.

Assim deveria ser nossa natureza íntima de enfrentamento de situações adversas. Mas, nascemos humanos por natureza, e ela nos limita aos nossos impulsos.

O meu, hoje, cinco meses distante, continua parecido com o teu. Muitos gastos aliados a sensações mistas de felicidade, vontade de potência, raiva.

A diferença está no know how. Agora, te caga de medo de perder alguém importante. Antes, poderia ser apenas mais uma aposta perdida.


Eu estou de parabéns. Você, por ter tornado quem eu sou, estará. Calma.

terça-feira, 10 de março de 2015

Dia Normal

Teve regressão. Mas teve crescimento súbito imediato. Eu não estraguei o dia. Eu não tenho esse poder. Ninguém tem. Fiz carne assada com batata, fui no dentista, lavei a louça, pus a roupa pra lavar, tentei educar a Gigi sem sucesso...

E aí veio a regressão, por encontrar resistência da parte da Vanessa. A Gigi precisa de limites, atividades, levar o lixo não dá queda de braço.

Boa noite.

terça-feira, 3 de março de 2015

Como ousa a Ana em dizer que irei melhorar? É fato, a melhora que experimentei desde que a conheci é grande, mas quem disse que eu ficarei próximo a uma pessoa considerada normal?

Por normal entenda-se enfrentando de frente seus problemas, sem dramaticidade ou regressões. Estou desde 2002 como aluno da UFRGS, por que agora num passe de mágica vou me formar? E se não é passe de mágica, como vou enfrentar os percalços do caminho?

Como vou evitar a paralização frente ao sofrimento que, para os outros, é fingimento ou excessivo, como se fosse teatral? Pra mim, é real e aliás muito real meu sofrimento.

Me esforcei demais ano passado. Quando digo demais é porque é demais mesmo. Quase insuportável. Para chegar fim de ano e não ter gratificação nas coisas que me deveriam dar. Emprego, casamento, família, casa, nada me deixava feliz. Ficar pelado na frente do shopping era um basta. Eu quero muito mais.

Muito mais do que já experimentei em 2014. Aquilo foi muito pouco e com custo muito elevado. Não quero abrir mão de esforço, mas não quero fazer esforço de pedreiro toda vez que quiser me sentir minimamente bem. Quero ter a rotina de ler, escrever, estudar, dar atenção à família, cuidar de quem cuida de mim, me divertir.

E essa bosta de diversão nunca vem, vem de jeitos tortos vem em respingos, nunca em jatos.

E o cuidado extremo com a medicação, com a terapia, com a psicopedagogia, e com os dentes que careiam por eu tomar remédios demais, isso enche o saco.

Isso não vai mudar.

Isso que até agora não fui a falência, meus pais não morreram, ainda tenho duas pernas e dois braços, umagina se algo acontecer que torne mais no campo do real o sofrimento?

Ainda que seja imaginário, como ousa a Ana acreditar em mim? Serei um brilhante advogado? Correrei 10km em provas?
Está escrito, maktub, quem tem transtorno de personalidade histrionica não aguenta esperar gratificações. Isso é imutável. E agora, quando terminar de escrever isso, vou querer me gratificar de que maneira? Odeio tédio. Odeio ter que pensar tanto em mim mesmo por tanto tempo. Gostaria de fazer outras coisas em vez de me policiar e usar de piedade comigo mesmo.

E vem montanhas, músicas, bichinhos, aquarelas que até animam, até dão jeito de uma semana pra outra, mas a longo prazo.... Apesar de ter ganhos, o sentimento é o mesmo, o trabalho na camara em segundo plano é o mesmo, e, se não fosse a Vanessa acreditar em mim, coisa que eu não acredito, seria ainda pior.

Tenho sintomas imutáveis. É personalidade. É constituição. Não ouço relatos de casos bem siucedidos como o meu seria.

Por favor, me prove o contrário e me faça acreditar que posso construir uma história diferente.

domingo, 1 de março de 2015

Diário 02/03 - Faltando cinco meses pro aniversário

Desconheço a história de um bipolar ou de alguém com transtorno de personalidade bem sucedido. Só relatos vagos. Procurando pela internet, ninguém quer se expor. Lidar com esus fantasmas deve ser dolorido ou considerado desnecessário.

Pois bem, todo o meu intento em escrever até hoje se pautou em melhorar. Em escrutinar o processo da melhora. A melhora se tornou obsessão. Ela cega para o que já está melhor.

Porra, estou escrevendo, transo, como bem, estou ganhando bem, minha família me quer bem.... O que há de tão errado na composição dos sentimentos que deveriam averiguar tudo isso e me deixar tranquilo?

Leio toneladas de aartigos e ultimamente tem me chamado a atenção o tal de esquema. terapia do esquema. Parece coisa de carioca malandro. Tenho fé na psicanálise porque muito da minha melhora ano passado se deu com o vínculo criado com a Naidel e a Ana. Será que dando à Ana o livro sobre o esquema ela faria usufruto?

Hoje a gigi chegou bem agitada e foi muito bom vê-la tão disposta, chea de energia e alegre. Ainda mais por vê-la tão receptiva comigo e me pedindo para brincar o tempo todo.Fazer uma criança feliz é impagável.  Gostaria de estar ainda mais solícito, mas ando ruminando formas de melhorar ainda melhores, se é que dá pra entender, entende?

A Vanessa me parece meio depressiva, já foi comentado isso com o Marcelo, o fato dela se relacionar com a comida e a auto-estima dela são evidências fortes de que se um dia ela puder fazer terapia isso seria de grande valia.

Meu vô disse que eu poderia ser um grande escritor um dia, espero que eu seja um narrador do sucesso ao qual eu me proponho. Estou cagado de medo de começar direito e de começar uma dieta e estou colocando defeitos no coral.

Comendo demais. Me preocupando em vez de me ocupar demais. Dormindo demais. Autopunição demais. Tem coisas que são naturaias da c0onvalescença.

Parece - só parece - que não há nada de bom acontecendo em minha vida, esse sentimento é falso. Eu tenho teto, estou cuidando bem desse teto, estou cuidando bem da minha família, estou escolhenco todos os dias não surtar, e acho que é aí que reside os medos de enfrentar projetos longos, eu não sei se surtarei em 10 dias, po que dizer no esmestre inteiro?

Sono. Preciso dormir com mais qualidade. Tomar Geodon às nove. Escrever aqui a meia noite.

Procuro aquela merda de mágica que vai solucionar todos os meus problemaws de transtorno de personalidade instantaneamente. Sei que essa bosta não é possível, devo valorizar porque passei os últimos três ou quatro dias bem menos aflito. Marcelo Madeira acertou na combinação de orap mais rivotril/frontal.

Estou me dando bem melhor com minha sogra ainda me irrito mas excessivamente menos quando ela entra aqui sem bater a porta.

O que acontecerá depois de formado? Se for em Direito, o que realmente,espero, ter de aguentar de nov omais tres anos de probatorio.

Antecipo sofrimento muito facilmente, deveria estar agora preocupado em dormir, em fazer coisas mais agradáveis. Quero amanhã procurar uma atividade física pra fazer, pedalada. Tenho soluções para deixar meu mundo melhor e insisto em deixá-lo parado. Desvalorizo o que já tenho (coral, família, amor, emprego) não mudo coisas fáceis de serem mudadas (alimentação)

Porque aqui dentro de casa eu não me sinto em casa? Parece que eu ainda moro na Duque de Caxias, algo me diz que a separação dos meus pais é algo que me move por dentro. A vontade louca de voltar pra Duque... Dos seis aos 10, sem ter obrigação de cuidar dos meus irmãos, tendo atenção do pai e da mãe.

Eles eram capazes de restaurar todas as merdas que fizeram (bebedeiras, fogo), mas escolheram se separar. Para mim, não podia. Sofro eu com essa merda de ressentimento ue só se trava. Até hoje, deixo de cuidar de mim direito, como o adulto que sou e insisto em ter comportamentos adolescentes de enfrentamento aos pais.

O próprio ato, estando no auge da independência paterna de ficar pelado em frente ao shopping denota a insatisfação com a falta de cuidados que eu idealizava que deveria ter tido quando criança.

E a falta de naturalidade quando conheço alguém? Não preciso ser a bandeira do divino, tampouco me incomodar com a presença ou tentar agradar alguém.

Tentar agradar alguém pode ser uma merda. Porque você só pode fazer o seu melhor e o seu melhor nçai corresponder à expectativa de alegria da outra pessoa. POrtanto, o que eu mais quero é fazer bem o meu mekllhor e que se interessem quem puder interessar.

Amizades, amores a gente conquista sendo autentico, então fazer o papel de servo, de palhaço é perda de tempo. Vai falar isso pra mim... ontem mesmo tentando me entrosar com o cara do churrsaco...

Tenho sérias dúvidas sobre o prognóstico do meui tratamento. Pesadelos. Aquele serzinho chamado inconsciente apronta. Não faezmos ideia do que relamente queremos. O inconsciente nos dá uma brecha por atos falhos, sonhos.

Eu ando desejoso. Sonhei com voar. Vamos ver no que vai dar o voar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Efeitos imediatos do Orap

Orap é uma droga que atua wsobre os efeitos negativos da doença bipolar. Crônica, às vezes degenerativa.

No meu caso, misturada com uma dose de histrionismo, fica bem difícil aferir o que é atuação do que é sintoma da bipolaridade.

O certo é que, seja por efeito placebo, seja por efeito real, eu estou me sentindo, ás 00:21 do dia 26/02/2015, muito bem. Não aquele bem demais descompassado eufórico, mas um bem demais esperançoso. Advogado, cantor de coral, pai de família, morador de um lugar digno de habitar....

A paciência, essa carrasca de quem é ansioso, deve ser minha companheira. Aliás, eu entendo bem de paciência estou esperando há mais de 17 anos o tal de ficar bem, idealizado, aquele que nunca chega. Vou substituí-lo por esse, esse que sinto examtamente agora, sem idealizações, apressado, urgente, com medinho de que acabe.

E tá acabando, o sono tá vindo, será que a empolgação continua amanhã? Será que eu vou arrumar a casa, tratar com ainda mais respeito a minha família, cuidar do meu corpo?

Veremos. Com muita esperança no prognóstico preconizado pela Naidel e pelo Marcelo. Tenho certeza de que pela Ana também.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

É minha!

Não sei quem tirou o direito de propriedade. A carência é minha. Eu sou carente. Não é culpa da minha mãe, do meu pai ou da minha noiva, tampouco da terapia que não teria alcançado um grau de eficiência razoável.

A carência é minha e tenho posse dela. Só eu posso abrir mão dela, ninguém pode imputá-la em mim como se eu fosse um mero observador.

Se alguém me deixou em cacos, ou alguéns, esses alguéns não tinham responsabilidade sobre a fragilidade do material que vinham utilizando.

O caleidoscópio que vem se formando a partir de pedaços de cacos de vidro justapostos de maneira às vezes aleatoria, sometimes proposital, tem gerado imagens assustadoras, mas recentemente tem gerado imagens mais amenas.

E tenho fé de que gerará imagens estupendas, obras de arte.

Tanto vazio assim é como se fosse uma obra de Van Gogh no início.

Acredite, a tela de Van Gogh também já foi vazia um dia.

Tenho, portanto, jogo. Tenho jogo e jogo não apenas com as palavras, mas jogo também com as experiências de vida.

É formidável estar vivo, é fantástico ter essa experiência, mas minha angústia de morte tem de ser remediada.

É ela que me faz ficar parado. A possível morte de um ideal faz com que eu não consiga aceitar o nascimento do novo, do inusitado. Como vou fazer Direito se não estiver disposto a enfrentar professores chatos, ou a não me punir os dias que eu faltar, ou as notas baixas que certamente virão?

Falava sobre jogo mas não costumo me jogar muito não. Ou me jogo em lugares sem equipamentos de segurança necessários.

Mas se a tela de van gogh um dia já foi vazia, o que eu quero pintar? não dá pra arriscar colocando cores aleatórias de jeito aleatrótio tem que ter técnica, tem que ter uma noção de onde se quer chegar.

Tem que conhecer bem os instrumentos que se tem na mão.


Gregório III

Faltam palavras. Sei que não há alternativas a dor. Aliás, há. Mais dor. Então, só cuidados paliativos. O ideal de viver momentos felizes quando não há problemas ao se executar o teste da realidade morreu. Meu luto não acaba. Parece melancolia. Talvez seja. Não posso nem ao menos tentar me apropriar do conceito de melancolia pois eu, para ser observador de mim mesmo, precisaria tomar uma distância, o que é inconcebível. Ainda mais inconcebível pois me levo muito a sério e fico mais próximo do meu núcleo.

Sei que a felicidade está ali, à espreita. Para ser a feliz caça dela, não se pode teorizar. E um ex-estudante de Física e contumaz leitor de psicanálise o que mais faz o tempo todo é teorizar. Sobre tudo.

Faltam palavras. Sentir seria a solução, mas sentir o quê? O presente, dizem. Sinto, isso sim eu sinto, que é verídica a informação de que há um deleite no sofrer. Me acalmo falando acerca do meu sofrimento. Fico horas contando cada crise, com minúcias tão difíceis de serem recordadas por um ser vivo que parece invenção de um escritor.

Talvez um dia eu venha a ser valorizado pela minha escrita, e os teóricos da teoria do reconhecimento das escolas criminalistas ficariam felizes por ver menos um chamando a atenção de formas nada prosaicas.

Chamei a atenção de diversas maneiras. O amálgama dos retalhos da minha identidade não é muito forte. Eu permaneço. Estou preso a um corpo que envelhece, uma mente que começa a se esquecer de senhas, uma idade que aumenta e aumentam as responsabilidades de adultos.

E, mesmo preso, imóvel, presa fácil, a felicidade prescinde de me atacar. Não almejo os desvarios de uma euforia inacabável, só o sossego estampado nas faces dos trabalhadores ao cumprir sua jornada de trabalho.
Eu, quiçá um dia merecedor desse deleite, hoje tenho sérias dificuldades para dormir.
O esforço é muito. As conquistas, várias. O sentimento de conquista zero. Iniciei a escrita de um livro chamado depois da curva, no qual uma estrada feia, perigosa, após uma curva, daria lugar a uma vida interessante.
A felicidade não é jogo ganho. Estar bem deve ser relativizado e o estranhamento desse desconforto atual talvez passe. Não é direito adquirido o bem-estar.
Quais pistas poderiam me levar ao caminho da felicidade? Disse que sou presa fácil, talvez a felicidade não goste de presas fáceis. Como fazer pra ela me visitar mais vezes? Metas cumpríveis, passo a passo, tijolo por tijolo. Sei de tudo isso, e pra mim não funciona.
Gostei muito do sentimento que me invadiu em meados de 2014. Não achei ruim, ele se mesclou com outros e dei conta. E agora? O que me impede de seguir em frente? Quais sentimentos justapostos estão em conflito blindando o ataque da felicidade?
Controle, tentativa de. Ferrenho inimigo e predador da felicidade. Mas o que minha mente vêm controlando? Controle do momento que chegue o final da convalescença. Mas estive de fato doente? Ou a doença era tentar controlar os resultados da minha atitude impulsiva? Então ainda estou doente. Enxergando a longo prazo, sem pensar em sedimentar o presente. Sobram palavras. Falta a que acabe com o ideal, com o controle. Não posso ser o Gregório III.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Arreferencial

O mito de que se tem uma ideia genial na hora de escrever deve ser derrubado imediatamente. Escrevo quase todos os dias algumas linhas e normalmente devido a pouca possibilidade daquela história vingar eu acabo apagando-a.

E quantas outras histórias na vida são assim? Quantas invenções legais são estancadas por falta de estímulo?