segunda-feira, 28 de julho de 2014

Tornando o mundo melhor

Minha amiga de Barretos coloca um trecho inquietante sobre nossa condição de seres em civilização: somos responsáveis por essa zorra toda em que vivemos.

Fechar os olhos é fácil, mas duvido que seja cômodo. Duvido que assistir ao Datena e ter opiniões sangrentas seja algo palatável à mente.

Fazer bem a quem está ao seu redor é algo quixotesco mas, acredito eu, altamente recompensador.

Estou vivendo na condição de pai emprestado. Minha filha emprestada me retribui muito, toda hora. Ganhei um desenho. Pai, eu te amo de todo o coração. Fiquei perplexo e imediatamente me lembrei de Saint Exupery: és eternamente responsável por aquele que cativas.


E a gente deixa tanta gente isolada no mundo, e a gente se desresponsabiliza pela Palestina, afinal aqui nem jogam bombas, né?

E o drogado pode ser meu sobrinho, meu pai, minha filha, mas enquanto não for eu tá tudo bem. Eu é uma categoria muito estranha. Só existe na Matemática e nas aulas do titio Platão (se é que ele ministrava aulas).

Estamos todos interconectados. Temos altíssima responsabilidade em cada opinião emitida, em cada omissão, em cada escolha.

Em cada desespero escolhido ou suprimido, em cada palavra escolhida - podemos ocupar ou invadir terras ou mentes.

Podemos ser superficiais. Urgentes. Fétidos. Como esse texto que sabe que um dia ganhará novos contornos.

Insurgente, o texto se adornará de calma, reflexo de um mundo menos conturbado.

Afinal, se almas estão menos perturbadas, certamente o mundo está menos pior.

Boa noite, pessoal, tem gente me esperando amanhã.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Empatia

Como há pessoas que nunca atingirão maturidade emocional de adulto. Descobri isso no momento em que percebi que há muitos meandros em minha mente que ainda são de criança. 

Faço o bem ao próximo por uma característica bem singular: sei que se fizer isso a contento o outro me retribuirá.

Muito umbigo.

A capacidade de entender as dores ou alegrias do outro, colocando-se em seu lugar e, de certa forma, solidarizando-se, é algo ainda em estágio precário no meu desenvolvimento.

Faço o bem porque sei que fazer o mal não dá retorno. Não porque é bom para o outro. Se alguém adoece, morre, confesso tristemente que não me impacta. A não ser da perspectiva de que eu posso ser o próximo desafortunado.

Tenho muitas pessoas pelas quais desenvolvi afeto. Mas muito mais pela reciprocidade do que por admiração de suas características.

Tá certo, tem um exagero implícito. Mas o fato é que sei que há um incipiente movimento de percepção de que existem necessidades dos outros e que eles, pessoas diferenciadas, nem sempre estarão à mercê das minhas vontades.

Conquistei coisas maravilhosas e permaneci com elas. Agora falta permanecer, ampliar, qualificar, rechear os afetos.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Batatinha quando nasce

Esparramo minhas coisas por toda a parte. Objetos, afetos, pensamentos, escolhas...

A bagunça é tão grande que fica difícil mensurar o que tenho de fato, com o que posso contar, com o que quero "brincar"...

Minhas finanças estão um lixo. Tenho que economizar 20 salários para pagar o que devo.

Agora, pelo menos na parte sentimental, as coisas estão se ajeitando. Um namoro bem mais consistente do que os casos dos últimos sete anos.

Comprei mais um brinquedinho. Um teclado. Agora, tenho quatro instrumentos musicais e a primeira impressão que fica é que música é algo que tem me feito muito bem.

Mas pra que me atupetar de tantas opções e aproveitar tão poucas?

A Vanessa tem me feito ver que a gente precisa de bem menos coisas do que imaginamos pra viver bem. Sim, sim, bem cliché. Mas eles existem e são batidos muitas vezes pelo fato de serem difíceis de ser simbolizados.

Fácil dizer que as coisas que mais importam não precisam de dinheiro. Difícil perceber e começar a orientar a vida para esses valores.

Sem prescindir do dinheiro que também é importante.

Só preciso aprender, agora, a juntar o que ficou esparramado, dispensar o que não serve mais, valorizar o que já tenho...

E não plantar batatas desnecessárias para que não fiquem esparramadas pelo chão atrapalhando meu caminho.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Cansei de ser cabeça

Já que eu não posso te levar quero que você me leve.... Cazuza

Jacque, eu não posso te levar. Quero que você me leve... Entendimento do Eduardo criança sobre a música do Cazuza

sábado, 12 de julho de 2014

Quando a vida é morna

Escrever é um ato de coragem. É ficar nu. Não há como não se entregar. Deixar de escrever, portanto, deve também ter significado.

Propus-me a escrever diariamente e não venho realizando a contento essa tarefa. Por quê? Por que deixar de narrar e analisar meu cotidiano?

Deixando de lado algo que era prioridade... Passou a ser prioridade o namoro, estou deixando aos poucos as minhas tarefas voltarem a se acomodar.

Não dá pra exigir do namoro todo o contentamento possível, e, justamente por esse fato, devo obtê-lo também de outros lugares - o contentamento, hehehe...

Eu continuo com baixa tolerância a tédio. Tédio me deixa apavorado, não apenas entediado.

Negar escrever em alguns dias é negar que a vida pode ser um tédio.

Nem sempre há coisas que mereçam ser contadas ou há coisas que não são tão glamourosas.

Relaxar enquanto a vida for morna. Não achar que algo está errado por não haver adrenalina.

Curtir uma tarde onde não há correria, onde não há atrativos.

Mas, sobretudo, valorizar o fato de que estou lidando bem com minha rotina, ponderando minhas vontades, desistindo de desistir de sonhos, aprendendo a ter paciência, desidealizando o mundo, postergando sem procrastinar.

Buscar construir momentos de felicidade, mas buscar não evitar o sofrimento, o que causa o triplo dele.

E escrever um livro de auto-ajuda. Auto ajuda para mim que me auto ajudo escrevenedo...

Deve haver coisas necessárias nos dias que não dá tanta vontade de escrever. Necessárias de serem relembradas como uma tarde tranquila que não precisa ser necessariamente de tédio.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sofreguidão

Tudo me parece um convite. De tantas coisas para as quais sou convidado, em vez de ser seleto, embarco na primeira estação disponível.

Se tu és meu conhecido, deve saber. É só me convidar pra um evento que eu provavelmente aceito. A contrapartida, quando não existe, eu a exijo como se fosse de praxe fazê-la.

Sofro por todos não se entregarem com sofreguidão como eu.

Monetariamente, desnecessário dizer que não é diferente. Só algo estar estampado numa vitrine para ser meu objeto instantâneo de desejo.

Tenho muitos brinquedinhos. Brinco pouco com eles. Estou em busca dos outros sempre.

Mas não será assim a vida inteira.

Tenho condições de eleger um relacionamento consistente, uma casa, um carro, uma economia, umas relações de amizade, uma faculdade, um esporte...

Por enquanto, a dificuldade em executar uma tarefa por mim elencada como necessária num segundo antes faz o meu rendimento, a minha diversão, os meus relacionamentos, a minha economia estarem todos aquém do aceitável.

Enquanto não for fiel às ideias que já foram exaustivamente colocadas em pauta e eleitas como adequadas - nem que seja a melhor opção apenas em um determinado momento, mas nem por isso deixa de ser a melhor opção -, sofrerei com minha sofreguidão.

E ela, filha do impulso, deverá ser utilizada tão somente quando for imprescindível o estado de entrega absoluta. Para os momentos que fazem a vida deixar de ser mediana, corriqueira para ser espetacular.

domingo, 6 de julho de 2014

Marco Zero

A partir do dia 7/7/14, decidi mudar as duas coisas que interferem diretamente na minha saúde biológica. Alimentação e exercícios físicos.

Vou-me acordar às sete e fazer meia hora de corrida intercalada com caminhada. Três vezes por semana. Mais uma pedalada no domingo.

Já cortei refri normal, praticamente não tomo refri zero também. Alimentação já deu seu salto significativo, agora é focar no exercício físico.

Plano de quatro anos estar com 90kg.

Fazendo faculdade, namorando, trabalhando, viajando...

Elegi a corrida como esporte porque dá pra fazer em qualquer lugar. A praticamente qualquer hora.

Sim, caro leitor, tem coisas desse blógue que não são tão interessantes para você, mas são motivações importantes na minha vida.

Precisava incorporar um exercício assim na minha vida. Quero ser corredor de 10km.

Nada de maratonas, meus joelhos agradecem.

Quando resignar-se faz bem

Há pessoas que não estão tão interessadas em você. E, por mais que sejam feitos esforços de sua parte em conquistá-las, muitos deles são inúteis. Às vezes, a resignação impera sobre a vontade de transformar uma situação.

Aliás, em todas as vezes. Naquelas nas quais você não é o único responsável pela mudança e os demais envolvidos estão pouco se f... importando com as pequenas revoluções cotidianas.

Há pessoas com um poder apuradíssimo de crítica mas baixíssimo de auto-crítica.

Há pessoas que se negam em ver que o mundo muda, as pessoas mudam. Talvez por se acharem tão superiores que não precisam de mudanças, cegam-se ao fato de que outras estão dispostas a se analisarem e fazerem transformações internas consistentes, duradouras e significativas.

Pobres de espírito.

Atiram a primeira pedra quando, se fosse aplicada a lei do talião, deveria lhes cair uma bigorna na cabeça.

A incapacidade paterna de manter um diálogo comigo que não seja de admoestação; a incapacidade paterna de enxergar minhas qualidades; a incapacidade paterna de ver que há coisas que estão em processo e, embora não ocorram com a pressa que ele gostaria, o fato relevante é que estão indo.

Isso dói. Dói resignar-se e apostar na incapacidade paterna de ter o primogênito como um amigo. Mas dói muito mais fantasiar um pai que não existe.

Esse, tem capacidades bem limitadas. E não pode me dar o afeto de que tanto necessito.

Pessoas com transtorno afetivo de qualquer ordem são taxadas com problemas de ordem hereditária. Não posso, entretanto, tornar hereditária a dificuldade extrema em se aproximar dos entes queridos.

Afinal, se um dia tiver filhos, quero que eles se resignem por outras características minhas. Mas nunca a da quase incapacidade em transmitir afeto.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Resignação? Não!

Meus dias em São Paulo estão sendo em parte bons. A parte que está bem desagradável é constatar que meu pai vive pela metade. Dentro de uma bolha. Casa, trabalho, foda com prostitutas diferentes a toda semana... Enfim, lamentável. Não sabe a alegria de receber um abraço gostoso, não se arrisca a fazer uma loucurinha a não ser as loucuras habituais como fumar, beber vinho...

É claro, eu entro nessa jogada. Porque não faço parte do clube dele. Tenho muitas vivências a compartilhar, mas nada que ele esteja disposto a ouvir. Fala sozinho. Literal e metaforicamente.

Triste.

Chegará alguém mais perto do mundo dele. Um filho pelo qual ele conseguiu se apaixonar pelo modo de encarar a vida. Alguém que frequenta um pouco a Sociedade Esportiva da Normose. Ciúme? Um pouco, o natural entre irmãos. Sou bem mais afetivo, mais intenso, mais impulsivo, e aprendi que essas características não são demérito.

Poderia me resignar e aceitar esse jeito dele. Não convocá-lo mais à tarefa de lidar comigo.

Poderia eximí-lo da ingrata tarefa de me ver uma vez a cada três anos e, em vez disso, deitar a cabeça despreocupadamente - isso pelo visto é impossível, pois sofre de insônia há décadas - pagando minha terapia como se pudesse me restituir monetariamente como as bucetas das novinhas universitárias.

Não quero esse mundo dele. Certo que estou ainda em fase de construção do meu. Mas dizia um dos Andrades modernistas, Não sabíamos exatamente o que queríamos [com o modernismo]; sabíamos o que não queríamos.

E, pra facilitar a vida de quem não sabe nada sobre a Normose, imagine-se fazendo coisas consideradas naturais por toda a sociedade, fazê-las tendo aprovação dela, mas sofrer quieto por não saber ao certo seus mais íntimos desejos.

Meu pai não ama. Isso é a constatação mais triste para a vida de um ser humano. Encapsular-se tanto que os ares da comunhão afetiva não conseguem adentrar sua alma.

Triste Fim de Gregório. O segundo, porque o primeiro Gregório levou o mesmo fim também.

Sorte minha ser o guardião do castelo, o Edward.