domingo, 19 de abril de 2015

Deuses

Ao longo desse longo ano, deparei-me com muitos deuses. Dia dois de fevereiro, meia-noite, Iemanjá segurava a minha barriga, falando sem dizer que eu precisava emagrecer. Mesma coisa que outra entidade falou - também sem dizer, apenas apalpando com um frenesi maior a barriga - à minha noiva. Vamos combinar, entidades, dizer que se precisa emagrecer a dois gordinhos tá mole, mole. Mesma coisa a uma mulher visivelmente perturbada emocionalmente que não precisava ser nenhum Sigmund pra desvendar o seu sofrimento: a rainha dos oceanos soprava forte todo seu corpo, depois fiquei sabendo que isso significa que são espíritos obsediando aquela pessoa. 

Por falar em obsessão, vou começar terça-feira um trabalho voluntário numa casa espírita e, confesso, sou meio carente de Deus e procurei orientações. Como falei que sou bipolar e que, às vezes, isso pode significar uma desconexão entre realidade e imaginação, logo logo me mandaram pras reuniões de desobsessão especial, das porrada.

Também vi simpatia pelo velhinho do velhinho Chico, o papa pop que não poupa ninguém. Mas a Inquisição é osso duro de roer, se esse Deus existisse pouparia tanta gente boa da fogueira.

E o ateísmo? Também é difícil, pois há algo. 

Esse algo é a Natureza e suas leis. Nesse ponto, eu, os panteístas, Bento Espinosa e Albert Einstein concordamos. 

Agora, se há algo além desse algo, sobrenatural, não sei, não há como aferir com ferramentais naturais, pois senão também seriam fenômenos naturais.

Conheci um deusinho pequenininho, tímido, presente ao longo desses quase noventa posts que eram pra ter sido trezentos e sessenta e cinco. Ele me tirou da cama, me deu uma noiva, me deu significado ao cotidiano, ânimo para perseverar em busca das eudaimonias, ataraxias, vontades de potência ou seja lá que nome se dê ao bem-estar, me deu uma família linda e maravilhosa que eu ajudo a lapidar e me permito ser lapidado, me deu uma nova faculdade e um sentido para existir academicamente.

Esse deus se chama esforço e está dentro de cada um de nós.

Restauração

Meu celular está com um pequeno problema. Meu PC também. Poderia jogá-los fora. Vou restaurá-los. Assim, aprendo a restaurar a minha vida, quiçá outras vidas.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Falta

Faltam dois dias. E a falta falta menos. Mas a falta voltou desde terça-feira, preenchendo às vezes. Voltei a procurei A coisa, apesar de não ter desistido dos meus ideais.

Mas procurar A coisa faz a gente desistir de viver o momento e tudo que ele traz de bom ou ruim. Anestesia ou faz sofrer, nunca alegra. Pensei em escrever algo a respeito da busca incessante da humanidade de preencher os vazios, de ser feliz. Um romance filosófico.

De louco e filósofo todo mundo tem um pouco, não é? Vamos começar a arriscar produzir mais conteúdo por aqui, nessas 48 horas pra encerrar o blógue. Cai bem no dia em que eu farei a perícia médica, e espero estar liberado ou que seja feita uma perícia em quinze dias em vez de novamente um mês.

Quero fazer uma lista das coisas que me faltam:

Escrever e ler com mais frequência;
Continuar fazendo caminhada;
Cantar;
Emagrecer;
Estudar;
Valorizar o trabalho, o lar e o lazer;

Quero fazer uma lista das coisas que não mais me faltam:

Amor-próprio
Amor romântico
Lar
Determinação
Família
Um trabalho

terça-feira, 14 de abril de 2015

A palavra é...

Arrogância? Prepotência? Sabotagem? Escolha. Fiquei três dias tomando remédio menos do que deveria, o resultado é menos lítio e menos ácido valproico no sangue.

Ainda estou mantendo todas as atividades normalmente, mas tenho que parar urgentemente de me testar sem falar com médicos.

Dia difícil embora produtivo, deu uma caída no humor provavelmente por causa da medicação ou da falta de sono. Agora tomei um rivotril e vou dormir bastante.

Boa noite.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Primeiro dia de aula

Elencar melhor as palavras. Tarefa que farei após concluir esse blógue, falta apenas uma semana. Foi o recado da minha primeira aula, escrever e reescrever, eternamente.

Minha vida tem sido reescrita, ressignificada, repaginada.

Um amor, uma filha emprestada, dois sogros (que fique bem claro, um casal de sogros), uma faculdade novinha em folha, uma voracidade contida pra ler, uma apropriação com as tarefas domésticas e com o sentimento de ter um lar em permanente construção, duas terapeutas com quatro olhos bons, esperançosos, realistas e otimistas (um outro olhar, como diria o contista Charles Kiefer).

Às vezes, o final é apenas um trampolim. É o caso desse espaço. Tinha data para término. Mas o fim será apenas o início de um escritor mais consistente, ma(i)s sabedor do seu papel.

Quantas vezes precisei reescrever que dar aulas é o meu metiê?

domingo, 12 de abril de 2015

Sueños

Não sei de quando é isso, mas tenho uma relação com o sono muito ruim. Higiene do sono, contar carneirinhos, tomar banho morno, fazer xixi antes de dormir... Tentei de tudo.

Estou desistindo de ter uma vida normal relativa a sono. Vou simplesmente ficar com sono quando tiver que acordar cedo e estiver sem sono na noite anterior.

Não dá pra idealizar ter um comportamento normal em tudo. Eu vou começar a ler de madrugada, se precisar ficar acordado por estar próximo de amanhecer vou tomar um cafezinho, sei lá.

Parar de  idealizar noites normais.

Até porque noites normais são pra pessoas normais, e normose - tô fora.

Retomadas

Na adolescência, eu era ávido por leitura. Certo que boa parte das leituras não eram romances, e nunca tive muita paciência para descrições meticulosas, salvo as de cunho psicológico. Paisagens não são o meu forte em elaborar na cabeça através da narrativa.

O peso sempre foi algo que me incomodou. A partir dos quinze anos, tomando medicações diversas, comecei a engordar cada vez mais, aliado ao fato de tomar muito refrigerante. Mas nada que justifique 118kg, no máximo uns 95. Vinte e três são por conta de Paliperidona, Clopixol Depot, Risperidona, Haldol.

Mas quem não se responsabilizava pelo tratamento era eu, portanto a terceira coisa que passei a me responsabilizar recentemente foi por não me utilizar da doença como um subterfúgio para atingir outros meios.

Higiene dental, atividade física, leitura, emagrecimento, tratamento. Cada vez mais, responsabilizando-me por mais coisas.

E está leve.